O donjuanismo na obra de Eça de Queiroz

  1. Cadavez, Graziela Maria B. Canelas
Supervised by:
  1. Ángel Marcos de Dios Director

Defence university: Universidad de Salamanca

Fecha de defensa: 29 January 2013

Committee:
  1. Eduardo Javier Alonso Romo Secretary
  2. Pedro Serra Committee member
  3. María Isabel Morán Cabanas Committee member
  4. José Luis Rodríguez Fernández Committee member
  5. José Cândido de Oliveira Martins Committee member

Type: Thesis

Abstract

A tese teve por objeto circunstanciar o mito de Don Juan, no espaço e no tempo, desde as suas mais remotas origens até ao momento em que nasce em Espanha, plasmado em texto, e se expande pela Europa ocidental e oriental. Objetivamente, debruçámo-nos sobre a variedade e a multiplicidade de obras que o retratam, demonstrámos a sua adopção/influência na literatura portuguesa, desde o século XVIII até aos nossos dias, e subjetivamente, ocupámo-nos em relevá-lo, no que em matéria de factores de ordem psicanalítica e de idiossincrasia encerra e revela, na obra do grande escritor realista que entre nós foi Eça de Queiroz. Assim, destrinçámos a sua articulação na obra do autor, no que nomeadamente respeita ao porquê do seu direto afloramento, às caracterizações físicas e psicológicas em que corporiza personagens, à busca feminina em que mergulha os protagonistas, aos sentimentos de desejo e de perda/morte e sacieção, visíveis nos relacionamentos amorosos que entabulam e que vivem, estruturantes de uma corrente de procura-atração-sedução-posse-abandono e de regeneração (do herói) e/ou morte. Interpretámos o processo de sedução, no que tem a ver com linguagem(s) expressa(s) e com o seu significado, em contexto e em mensagem implícita, e o tipo de amor carnal manifestado ¿incesto, adultério, prostituição, bem como a razão do seu tratamento numa obra de cariz naturalista e a semântica subjacente que lhe é inerente e que em discurso expressa. Perspetivámos a estruturação da narrativa do escritor, esmiuçadamente, à luz da organização da intriga, da proeminência do indício textual, da temporalidade da história e do discurso, analisando os processos analéptico e (an)isocrónico em que insiste, e destrinçámos na sua escrita o valor individual e conotado do signo linguístico, a sistematização da corrente nome-adjetivo(s)-advérbio(s), bem como o sentido exponencial que, numa conjuntura de donjuanismo/narcisismo primário, arquiteta, e o valor/expressão do verbo em conceptualização de frase. Explorámos ainda as relações analógico-simbólicas, a nível da cor, do nome, do número e do espaço, manifestadas na obra queirosiana e relevámos o seu contributo como vetores de peso contributivos para a semântica desencadeada e adstrita ao tema do donjuanismo de que nos ocupámos.